DEBATES TG
18 de novembro| Segunda-feira das 18h às 20h
25 de novembro | Segunda-feira das 18 às 21h, no Teatro Taborda
Não perca o CICLO GOETHITE FÁUSTICA que irá decorrer, nos dias 18 de novembro, segunda-feira, das 18h00 às 20h, e no dia 25 de novembro, das 18h00 às 21h00, no Teatro Taborda, em Lisboa. Este é um projeto organizado pelo Teatro da Garagem e Universidade Nova de Lisboa. Entrada é livre.
FAZER DISSO UM CREDO
por Carlos J. Pessoa, diretor do Teatro da Garagem
Sobre o Ciclo Goethite, é tudo bom, promissor, entusiástico!
Fazer teatro é um momento de actividade artística e cívica; um pretexto para meditar a partir dos impulsos, sugestões e inspirações, propiciadas pelo objecto artístico.
O teatro completa-se no meta-teatro, na sobreposição de leituras, na sua rarefacção, na injuncão, na aporia; alteração insubmissa, diagonal.
Quanto a Goethe, o polímata, o sabedor e des-sabedor, importa, se calhar, reter uma curta provocação, nesta idade de IA galopante: se Fausto representa o fausto, a ambição desmedida, o ver, cada vez mais, que leva à cegueira; se, por hipótese, o progresso se faz de mais e mais dados, se o petróleo do presente é a informação, mais e mais, acumulada, vectorializada, cruzada, confrontada, recombinada, em aceleração vertiginosa, à velocidade da luz, imagine-se o contrário.
O des-saber, des-acumular, o esvaziar; o vazio do copo para que o copo, de facto, possa existir.
Uma coisa oriental sem rosa dos ventos; um ponto cardeal a vadiar.
Compare-se o negrume mineral de Goethe com a matéria negra universal, por enquanto misteriosa, mas, por simpatia hipotética, expansão do contrário da acumulação: ócio como expansão do negócio, o silêncio como expansão natural do ruído.
Uma vigília musical que se entretece de momices; como o ronronar de um gato que ora aparece, ora desaparece.
Termos a contemplação em lugar da posse.
Termos um novel progresso que não se faz de ter, mas de dar; de uma falência progressiva do tecido empresarial, dos conglomerados monopolistas, em troca do regresso aos bosques da benfeitoria, do zelo, da comunhão e da ironia desmantelada de caprichos (exercício culposo talvez, sem ser fetichista, mágico ou rancoroso; um rigor de contar pelos dedos).
Uma linha de sombra.
Uma solidão artificial por oposição ao paraíso ausente, sem receio de pecados nem melancolia vã; uma história sem passado, sem trauma ou vinco; uma narrativa que se conta sem favor nem pasmo.
Uma delicada feição, um ajuizar morno.
Imagine-se então uma prática comum de co-responsabilidade, de um altruísmo específico, de inteligência fina, incorruptível porque aberta; que se presta a um sentimento de plenitude na pequena coisa, no detalhe; na insignificância livre; como um recadinho em papel de embrulho, ou uma côdea amassada na boca de uma criança.
Dispensam-se utopias, para evitar distopias, mas sabe-se disso.
Um novo mundo de pão e saliva inocente.
Um esvaziamento voluntário.
Reter a respiração e não temer a frase incompleta.
Completar-se na incompletude. Fazer disso um credo.
Programa organizado por Cláudia Madeira
Parceria entre o Teatro da Garagem e a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa
Este ciclo de conversas desenvolvido numa parceria entre o Teatro da Garagem e a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa tem por objetivo ampliar e enquadrar a peça Fausto de Goethe, com estreia no Teatro Taborda, em Lisboa, no dia 28 de novembro de 2024.
Entre a Filosofia e o Cinema teremos como referência para analisar este último mito da Humanidade uma pedra mineral de nome Goethite, em homenagem ao poeta e polímata (“aquele que sabe muitas coisas”) Johann Wolfgang von Goethe (1749–1832). Estas conversas são pontes para a leitura da peça teatral e para os nossos questionamentos sobre a nossa vida de todos os dias na atualidade.
A OBRA DE GOETHE E AS METAMORFOSES FÁUSTICAS
Cláudia Madeira, Professora Associada e Vice-coordenadora do Grupo Performance & Cognição ICNOVA NOVA FCSH
A peça Fausto revela-se na duração do tempo, percorre desde a raiz das lendas, até à nossa vida atual. A versão de Goethe ultrapassa os sessenta anos que o autor dedicou a esta obra (a segunda parte foi publicada depois da sua morte) e mistura-se, como o último mito universal da Humanidade, com as nossas vivências, como num grande Athanor, esse forno alquímico onde destilamos a nossa passagem pelo mundo, onde procuramos aprendizagens e conhecimentos, encontrar perceptos e afetos, forjar concretizações hedonistas e intenções altruístas.
Na peça de Fausto, de Goethe, o pacto com Mefistófeles leva-o numa longa viagem onde encontramos os arquétipos do cientista, do amoroso, do sonhador, do incrementador ou do capitalista (Berman, 1989). Na adaptação que fizemos da sua obra, a partir da tradução de João Barrento, encontramos e, por vezes, até sublinhamos, apontamentos de outras obras de Goethe, a Metamorfose das Plantas (1790), o Jogo das Nuvens (1820), a Teoria das Cores (1810) ou o romance Afinidades Eletivas (1809), para irmos ao encontro do que na vida de Fausto é o desejo de conhecimento e o princípio do prazer. Dois movimentos essenciais da emancipação humana (Barrento 2003).
Encontramos nesta obra o limiar da ciência, o percurso alquímico do ser: “a alquimia é a arte do acabamento do homem, ela transforma os escravos em Mestres, em seres livres(…). Tal é também a perspetiva que ilumina o Fausto: a valorização da busca, do esforço, ao longo de um percurso irregular” (Centeno 2007:79). Desta forma, como nos diz Yvette Centeno: “Fausto é um homem imperfeito, excessivo, cheio de contradições – permanecê-lo-á até ao fim. Mas na alquimia o que está em jogo não é tanto a perfeição, como lembrou Jung, mas antes a plenitude – a plenitude do acabamento compreende naturalmente as faltas e os erros.” (p. 79).
O percurso alquímico surge associado aos elementos água, fogo, terra e ar mas também a cores, especialmente a três cores, o negro, o branco e o vermelho e/ou dourado. O negro associado ao nigredo, purgação, dissolução ou putrefação, personificado na primeira parte da peça pela noite da tentativa de suicídio, do desespero do confronto com uma ciência estéril que reproduz o caminho negativo percorrido pelo seu pai, uma ciência equiparada a um beco sem saída, uma ciência ilusória que mais do que cura produz morte. É desse negro, e com Mefistófeles como guia que se inicia a procura do albedo ou iluminação, a aproximação ao branco, quase atingido por via do amor por Margarida. Busca essa que falha, esgotando-o e arrastando-o num novo nigredo com a morte desta. Encerra-se nessa primeira parte da peça a história do pequeno
mundo, o mundo confinado das aldeias e vilas campestres, de uma ciência falhada e de um amor manchado.
Na segunda parte da peça, Fausto recupera e volta à sua viagem, num novo ciclo que se abre para o grande mundo, contendo em si as cinzas dessa experiência de purgação, a viagem ao interior de si mesmo para “alargar os limites do seu eu até aos limites do eu da Humanidade inteira” (Centeno 2007:87). A aurora da manhã desponta de novo. Essa viagem leva-o para lá do tempo presente a uma viagem à Grécia antiga. O encontro amoroso com Helena de Troia traduz mais um passo da sua evolução espiritual, encontra-se com o inconsciente coletivo, traz à vida o arquétipo da pura Beleza, que Fausto integra na sua experiência. Helena revela a realidade perfeita refletida no espelho da bruxa, os ideais formulados na Antiguidade, e a experiência que o arrancará aos “limites do tempo e do espaço” (Centeno 2007: 92). A plenitude é quase atingida. Mas é interrompida abruptamente, o branco da iluminação permanece por atingir, diluindo-se em centelhas de luz que de novo se dissolvem, perdendo a claridade e se tornando centelhas de luz negras, com a morte de Euphorion, o filho da beleza helénica e da coragem fáustica.
Caindo de uma nuvem, Fausto retorna ao tempo presente. Neste mundo concreto procura ser útil à Humanidade, dirigir a sua ação por via do conhecimento, e fazendo do seu laboratório o mundo todo. Deseja transformar o mar em terra fértil, em cidade utópica, num processo sem limites, possível, contudo, só por ato mágico. O seu desejo é mais forte que o seu conhecimento, a vontade transforma-se em obra, nasce o projeto de uma cidade com a ajuda de Mefistófeles, mas não se dá sem engolir o mundo natural e as suas gentes, personificadas por Báucis e Philomen. De novo, nessa inesgotável vontade de ação, Fausto abandona o pequeno mundo à sua sorte. Um reduto de paz campestre que, para ser concretizada a obra, arde no fogo. A cidade nasce com a utopia de liberdade sobre os constrangimentos da natureza.
Fausto consegue concretizar a sua obra derradeira, mas cega. No seu último suspiro sente ainda o cheiro doce das tílias desse pequeno mundo desaparecido.
Na peça não chegamos ao vermelho, a cor da realização espiritual final ou união dos místicos, que nas concretizações do homem se pode transformar no dourado, o ouro da pedra filosofal. Encontramos apenas o seu prenúncio, uma espécie de ouro em pó que se encerra nessa brisa com cheiro a tílias.
Sabemos da peça de Goethe que depois da sua morte Fausto torna-se Mestre, aprendeu e pode ensinar. Já não precisa de guias, ele será o novo guia desse grande mundo que criou. O nosso mundo.
Podemos rever-nos nesta peça como num espelho de água, narcisos ou nenúfares em flor em águas límpidas ou em águas turvas, por vezes, ofuscados pela escuridão, pelo nigredo, por vezes, pelo excesso de luz, outras vezes conseguimos ver nesse espelho tudo o que nos rodeia e tudo o que por uma espécie de “toque de magia” acrescentamos ou fazemos desaparecer.
A peça de Goethe trata da origem da liquidificação da vida. Para melhor compreendermos a sua obra talvez valha a pena debruçarmo-nos pelos ensaios do sociólogo Zygmunt Bauman. Os seus diversos livros intitulados Modernidade Líquida, Amor Líquido, Tempos Líquidos, Vida Líquida, ou ainda Medos Líquidos representam as metamorfoses fáusticas na nossa vida quotidiana. Aí encontramos a concretização da análise de Marshall Berman na sua obra Tudo o que é solido se dissolve no ar (1989). Da esfera íntima à esfera pública tudo se transforma numa forma incorporada de capitalismo a que deveremos estar atentos, como apresentou Anne Imhof, na sua versão premiada de Fausto, no Pavilhão da Alemanha, na Bienal de Veneza de 2017.
O Fausto faz parte do ar dos tempos, incorpora hoje todas as personagens, está em Mefistófeles, em Margarida, em Helena, no Homúnculo, em Euphorion, nas criptomoedas, nos apetrechos tecnológicos, nos novos líderes do nosso mundo. Em nós. Fausto dirige uma tempestade a que chamamos de progresso mas onde, por vezes, ainda ecoa na memória o cheiro das tílias e o seus contornos.
BIBLIOGRAFIA:
Barrento, J. (2003). “Introdução”. Fausto de Johann W. Goethe, Relógio D’Água Editores, (5-25)
Berman, M. (1989). “O Fausto de Goethe: A tragédia do Desenvolvimento”. Tudo o que é solido se dissolve no ar. Edições 70 (41-94).
Centeno, Y. K. (2007) “A Alquimia e o Fausto de Goethe”. Teatro e Sociedade Edições Universitárias Lusófonas (77-105).
Goethe, J. W.(2022 [1790]). A Metamorfose das Plantas, Edições do Saguão.
Goethe, J.W. (2003 [1800-]). O Jogo das Nuvens, tradução de João Barrento. Assírio & Alvim.
Goethe, J.W (1999 [1809]). As afinidades electivas. Relógio Dágua.
Goethe, J.W (2013 [1810]). A Doutrina das Cores. Nova Alexandria
Goethe, J. W.(2022 [1790]). A Metamorfose das Plantas. Edições do Saguão.
Cláudia Madeira
Professora Associada com Agregação da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Vice-coordenadora do grupo de investigação Performance & Cognição do ICNOVA NOVA FCSH e investigadora do grupo Teatro e Imagem do Centro de Estudos de Teatro da FLUL. Realizou o pós-doutoramento intitulado Arte Social. Arte Performativa? (2009-2012) e o doutoramento em Sociologia sobre Hibridismo nas Artes Performativas em Portugal (2007) no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. É autora dos livros Performance Art in Portugal (Routledge 2023), Arte da Performance Made In Portugal (ICNOVA 2020), Híbrido. Do Mito ao Paradigma Invasor? (Mundos Sociais, 2010) e Novos Notáveis: Os Programadores Culturais (Celta, 2002), entre outros. Escreveu vários artigos sobre novas formas de hibridismo e performatividade nas artes. Leciona na licenciatura e mestrados de Artes Cénicas e Comunicação e Artes do Departamento de Ciências da Comunicação na NOVA/FCSH. Desde 2017 tem vindo a desenvolver trabalho de dramaturgia em colaboração com o Teatro da Garagem O Canto do Papão Lusitano (a partir de Peter Weiss, Lisboa e Bragança 2017); Teatro de um Homem (L)ido (a partir do livro de E.M. de Melo e Castro, Lisboa e São Paulo, 2018); Outra Tempestade (a partir de Shakespeare e Césaire Lisboa e Cabo Verde, 2023), Fausto (a partir de Goethe, Lisboa, 2024). Recentemente participou nas conferências-performance com dramaturgia coletiva: Tempestade Real (Florianópoles, Agosto 2024) e Crazy Kales (Barcelona, Novembro 2024).
18 DE NOVEMBRO, 18H-20H
Bartholomew Ryan
Os Faustos na filosofia: dúvida, desejo, desespero e negação
A história e a figura de Fausto não só inspiraram a criação de muitas grandes peças, poemas e romances da literatura moderna (Marlowe, Goethe, Lenau, Heine, Stein, Pessoa, T. Mann, K. Mann, J. G. Rosa, Bulgakov, etc.), mas também, embora de forma mais implícita, de importantes obras na filosofia moderna. Fausto foi chamado “personificação da dúvida” por Kierkegaard; A Fenomenologia do Espírito de Hegel (publicada no mesmo ano que a obra de Goethe, Fausto: Parte I) pode ser vista como uma viagem filosófica faustiana; e “o espírito que sempre nega” [der Geist der stets verneint] de Mefistófeles assombra as obras revolucionárias de Marx, Nietzsche e Georg Lukács. Através do mito de Fausto na filosofia, podemos compreender e enfrentar melhor alguns estados interpenetrantes e mutáveis da realidade contemporânea, como a dúvida, o desejo, o desespero e a negação.
Bartholomew Ryan é investigador de Filosofia no Instituto de Filosofia da NOVA (IFILNOVA) da Universidade NOVA de Lisboa e professor convidado no Departamento de Filosofia da FCSH onde leciona um curso de mestrado sobre ‘Arte e Experiência’. É coordenador do Grupo de Investigação “Formas de Vida e Práticas da Filosofia”, e foi coordenador do CultureLab no IFILNOVA de 2017 a 2022. É membro do “Grupo de Investigação em Filosofia e Literatura” e do “Grupo de Estudos sobre Nietzsche”. É ainda membro da equipa de investigação do Projecto Exploratório “Mapping Philosophy as a Way of Life: An Ancient Model, a Contemporary Approach”, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia. Foi docente no Bard College Berlin (2007-2011), e lecionou também em universidades no Brasil, bem como em Oxford, Croácia, Aarhus, Dublin e Bishkek.
O seu trabalho académico e criativo orbita em torno do tema da “transformação” e da pluralidade do sujeito, levando em consideração as múltiplas realidades e identidades que pode construir a condição humana moderna e o ser ecológico. Os principais âmbitos da sua atividade académica são sobre a tensão entre filosofia e literatura, modernismo como um problema filosófico, o teatro do Eu, e a arte ecológica da viver e morrer, com um foco especial sobre figuras como Kierkegaard, Pessoa, Joyce, Nietzsche, e Roger Casement. Os seus próximos dois livros são Fernando Pessoa: Critical Lives(Reaktion Press, 2024) e James Joyce: The Unfolding Art of Flourishing and Decay (OUP, 2025). Também é o autor do livro Kierkegaard’s Indirect Politics: Interludes with Lukács, Schmitt, Benjamin and Adorno (Brill/Rodopi, 2014). É co-organizador de quatro livros, o mais recente é Fernando Pessoa and Philosophy: Countless Lives Inhabit Us (com Antonio Cardiello e Giovanbattista Tusa; Rowman & Littlefield, 2021).
Na área de música: em 2022, lançou um álbum a solo chamado ‘Jabuti’ sob o nome Loafing Hero; e é ainda líder do projeto musical internacional The Loafing Heroes, que lançou o seu sexto álbum, ‘meandertales’, em 2019. Faz também parte do projeto de música experimental Headfoot.
25 DE NOVEMBRO, 18H-21H
Pedro Florêncio
Dos estudos de Goethe aos esboços de Murnau: notas sobre materialismos em Fausto (1926)
Esta sessão terá como caso de estudo o filme Fausto (1926), de F. W. Murnau, do qual veremos três breves excertos acompanhados de comentários sobre os conceitos de “estudo” e “esboço” enquanto subgéneros menores da história da arte. Argumentar-se-á que as obras de J. W. von Goethe e F. W. Murnau estão na base de uma proposta estética em que a filosofia romântica e a modernidade artística se consubstanciam, deixando-nos pistas para a pensar o cruzamento entre arte e ciência nos dias de hoje.
Pedro Florêncio é licenciado em Cinema pela Escola Superior de Teatro e Cinema, mestre em Cinema e Televisão pela NOVA FCSH, doutorado em Artes Performativas da Imagem e Movimento pela Universidade de Lisboa. Realizou, entre outros, os filmes À Tarde (2017), Turno do Dia (2019) e Nocturna (2023). Publicou, em 2020, o livro “Esculpindo o Espaço – O cinema de Frederick Wiseman”, entre outras publicações dispersas sobre cinema. É docente na NOVA FCSH.
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