ACOLHIMENTO TEATRO DA GARAGEM

NAVALHA NA CARNE

4 e 5 outubro 2019 | 21H00
TEATRO TABORDA
[TEATRO]

 

O Teatro Garagem de São Paulo, Brasil vem a Portugal ao Teatro da Garagem, Lisboa, Portugal. Poderia ser mais um título irrelevante, fruto de marketing, ou um outro qualquer inglesismo, que apenas denotasse histeria, cobiça e avidez. Mas não é assim: o Teatro Garagem, de São Paulo, é uma daquelas Casa de Teatro raras, onde, ainda (!), as pessoas se podem encontrar, estar, escutarem-se e conhecerem-se, um pouco melhor. O Teatro Garagem de São Paulo é um lugar de resistência, de paixão abnegada e desinteressada; uma Casa e uma Companhia no sentido de servir e de festejar, o diferente, o híbrido, o mesclado, o sincrético; uma Casa de Teatro cosmopolita: decididamente paulista, convictamente, do Mundo.

Lá, em São Paulo, tive o privilégio de assistir a um ensaio do espetáculo “Navalha na Carne” do autor Plínio Marcos. Plínio Marcos na encenação do Teatro Garagem propõe um Teatro duro, cruel, sem escapatórias poéticas; é um “vale-tudo” que sangra por dentro; uma luta enraivecida, uma sobrevivência exposta, sem rede. Plínio Marcos propõe um realismo urgente e por isso, chocante: as coisas que acontecem em cena são assim mesmo; as chapadas na cara não são a fingir.

No final do ensaio desci da plateia para abraçar a Anette, o Maurício e o Carcarah. Há atores assim capazes de se entregarem num palco com um profissionalismo comovente. Venham assistir, 4 e 5 de outubro às 21.00h no Teatro Taborda, Lisboa, Portugal.

Carlos J. Pessoa

Com adaptações para o cinema, teatro e artes gráficas, o texto de Plínio Marcos, NAVALHA NA CARNE é considerado um clássico do teatro brasileiro. Nas palavras da atriz Anette Naiman, “Plínio foi um homem do seu tempo, que retratou o que vivenciava no quotidiano, observando e registando a visão da sociedade da sua época. Os seus textos tornaram-se clássicos da dramaturgia brasileira, e são documentos históricos, pois retratam valores, costumes e pensamentos de uma sociedade numa determinada época. Neles, podemos ver o que realmente progrediu e caminhou no sentido da modernização de um pensamento social e consequente”.

NAVALHA NA CARNE retrata os conflitos da prostituta Neusa Sueli (Anette Naiman), do chulo Vado (Carcarah) e do homossexual Veludo (Maurício Bittencourt). A ideia de levar à cena a obra de Plínio Marcos partiu da atriz Anette Naiman, que pensou de imediato em Marcos Loureiro para encenar. Como conta a atriz, “NAVALHA NA CARNE é um texto que já tinha imaginado produzir há algum tempo e achei que seria ideal para inaugurar o novo espaço do Teatro Garagem, o Galpão Garagem, em 2014”.

Para o encenador Marcos Loureiro, dirigir este projeto constituiu uma oportunidade de aproximação ao universo de Plínio Marcos: “Eu adoro os textos do Plínio e esta foi a primeira vez que tive a oportunidade de encenar a obra deste autor fantástico”. Em NAVALHA NA CARNE, Loureiro optou por um espetáculo mais limpo, sem excessos, onde o foco é o ator e sua relação com a plateia. “Queremos dividir as emoções dos personagens com o público, sem clichês ou artifícios”, completa o encenador. A encenação pretende envolver o público no confinamento do pequeno quarto em que se passa a história. “Quero evitar o caminho comum de distanciar os personagens e de isolar a situação. O público estará dentro da cena. Não quero que os espectadores se sintam de fora, como se estivessem a espreitar pelo buraco da fechadura”, acrescenta Loureiro.

Sobre o Teatro Garagem
Como o próprio nome indica, o Teatro Garagem nasceu ocupando a garagem da casa da atriz Anette Naiman, na Vila Romana, em outubro de 2004, em São Paulo. Nove anos depois, o espaço foi ampliado com a aquisição da casa vizinha, tendo sido transformado num Espaço Cultural que conta com oito espaços de programação, que podem receber peças de teatro, projetos de dança, música, cinema, artes plásticas, fotografia e diversas performances artísticas. Com a inauguração da nova casa, outras companhias e artistas, com um trabalho focado na pesquisa e experimentação, podem também apresentar suas criações neste Espaço. Para além disso, o Teatro Garagem acolhe projetos de pesquisas e residências artísticas, bem como os espetáculos da própria Anette.

Sobre Marcos Loureiro
Inicia seus estudos de Artes Cênicas, em 1989, na Escola de Teatro Macunaíma, onde estudou com Myriam Muniz, Plínio Marcos, Fauzi Arap, Marco Antonio Rodrigues, Amir Haddad, Roberto Lage, Klauss Vianna e Antunes Filho. Estreia como ator profissional, em 1991, no espetáculo Rilke em Gestos, de Rainer Maria Rilke, direção de Rainer Vianna. Atua em diversas montagens, entre elas, Beijo no Asfalto, de Nelson Rodrigues, dirigido por Marco Antonio Rodrigues; Zerói e Flauta Mágica, ambos dirigidos por Hugo Possolo; Cantata em Sampa, do Living Theatre; O Interrogatório, de Peter Weiss, direção de Renato Borghi; e Frida, de Ricardo Hallack, direção de Fauzi Arap. Faz assistência de direção para Hugo Possolo, Fauzi Arap e Marco Ricca. Em 2002, estreia como diretor no espetáculo Hotel Lancaster, de Mário Bortolotto. A montagem foi selecionada para diversos festivais, sendo indicado como melhor diretor nos Festivais de Teatro de Londrina e Porto Alegre. Em 2004, dirigiu O Colecionador, de John Fowles, com tradução de Juca de Oliveira. Participa como diretor de cena de vários festivais internacionais, entre eles: Festival de Teatro Latino Americano de Miami (EUA), Festival de Teatro Clássico de Almagro, Festival de Teatro Latino Americano de Madri (ambos na Espanha), Festival de Teatro de Portugal, Festival de Teatro de Manizales (Colômbia), Festival de Teatro de Buenos Aires (Argentina) e Circuito Performance Art EUA. Mais recentemente, assina a direção de A Louca de Chaillot, com Cleyde Yáconis; a ópera Uma Italiana em Argel, de Rossini, no Teatro Municipal de São Paulo; Assassinos e Suínos da Praça Roosevelt, de Jarbas Capusso Filho; Chorinho, co-dirigido com Fauzi Arap; Delicadeza, de João Fábio Cabral; Meu Vira-Lata só Ouve Be Bop, de Jarbas Capusso Filho; La Musica, de Marguerite Duras; Basílio, o Destemido, de Marcos Gomes; Boi da Cara Preta, de Sérgio Roveri, dentro do 2º Festival N.Ex.T de Teatro Grotesco e Pedro e o Capitão, do escritor uruguaio Mario Benedetti.

 

Acolhimento  Teatro da Garagem
Financiamento Direção-Geral das Artes, Governo de Portugal | Ministério da Cultura
Apoios Câmara Municipal de Lisboa, EGEAC, Junta de Freguesia de Santa Maria Maior

 

+ INFORMAÇÕES E RESERVAS:
producao@teatrodagaragem.com
924 213 570
www.teatrodagaragem.com

BILHETES: 10,00€ / 5,00€*
*Descontos aplicáveis a: estudantes de Teatro, profissionais do espetáculo, maiores de 65 e residentes no bairro.

Os bilhetes devem ser previamente reservados e levantados presencialmente na bilheteira, no dia do espectáculo, entre as 19h e as 21h00.

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