L.I.B.E.R.D.A.D.E. UM CINE-TEATRO EM NOVE LETRAS
94ª Criação do Teatro da Garagem
Encenação Carlos J. Pessoa
TEXTOS MIGUEL TORGA 
24 A 28 ABRIL 2019
TEATRO TABORDA
[4ª, 5ª e sáb 21h00 | 6ª e dom 16h30]

 

De 24 a 28 de abril de 2019, o Teatro da Garagem apresenta L.I.B.E.R.D.A.D.E. um cine-teatro em nove letras, no Teatro Taborda. Trata-se de um espetáculo que celebra a liberdade e tem como pano de fundo a obra de Miguel Torga, um dos nomes incontornáveis da literatura portuguesa.
Refletindo a força telúrica das palavras, a pungência das personagens e urdidura fina das histórias do poeta, L.I.B.E.R.D.A.D.E. um cine-teatro em nove letras dá a conhecer a paisagem geográfica, humana e poética de Trás-os-Montes, esse “Reino Maravilhoso” algures no Nordeste Português, contraditório e desigual.
Este espetáculo surge no âmbito do projeto NORTE 2020 – “Algures a Nordeste”, a convite do Teatro Municipal de Bragança e do Teatro Municipal de Vila Real e em coprodução com o Teatro Académico Gil Vicente.
A encenação e dramaturgia do espetáculo estão a cargo de Carlos J. Pessoa, com a interpretação de Afonso Viriato, Ana Palma, Lara Matos, Maria João Vicente, Tiago Bôto e Wagner Borges. A apresentação de L.I.B.E.R.D.A.D.E. um cine-teatro em nove letras no Teatro Taborda, conta ainda com uma participação especial dos Clubes de Teatro do Serviço Educativo do Teatro da Garagem.
Nos dias 24, 25 e 27 de abril, o espetáculo é apresentado às 21h00 e nos dias 26 e 28 de abril, as sessões decorrem 16h30 (a sessão do 26 de abril é dirigida à comunidade escolar).

A palavra Liberdade é o mote deste espetáculo sobre Miguel Torga. A soletração de Liberdade constitui o nexo da proposta dramatúrgica; cada letra corresponde ao início de uma outra palavra que entendemos necessária, constitutiva, do conteúdo semântico da Liberdade.
Assim o L, inicial, poderá ser Ler ou Livros. Sem essa capacidade, de ler e escrever, é difícil pensar a Liberdade, a não ser no caso dos “pobres de espírito”, tão só sujeitos às regras de uma natureza indecifrável.
Não há, porventura, ou azar, Liberdade sem Ira: as Vinhas da Ira, de outras memórias da “exploração do homem pelo homem”, a Ira torrencial de Aquiles, ainda mais antiga, chamada, também, cólera; a Indignação, também, pela Injustiça, por tanta coisa que se passa diante dos nossos olhos, as quais, por Incompetência, decidimos Ignorar. 
Segue-se o B, de Bondade, o “leite da bondade humana”, ainda assim, por misericórdia, por efeito de uma medicina abnegada na luta desigual contra o sofrimento.
A letra E de Estoicismo, de resistência, à inclemência dos elementos, às dificuldades da paisagem, ao seu fascínio também, estoico até ao fim, “sem cedências”, de imperador solitário—, refiro um vínculo, porventura inaceitável, entre a Praça de São Martinho de Anta, onde jaz a memória do Negrilho centenário, esse “bosque suspenso”, e o Campidoglio, em Roma, onde resiste a cópia da estátua equestre de Marco Aurélio.
R de Roca, de Rio, de fio condutor, de fio que liga, de inteligência febril, de rio Douro, imenso, rebelde, adornando a paisagem, tecendo-a, num amplo movimento de retorno; retorno à casa, às mãos da mãe, ao olhar sorumbático do pai, pouco dado a familiaridades, absorto entre o lume e a escrita, esforçando, cavando a nascente do rio, a roca inquieta no fiar morno, nas mãos doces e calejadas.
Segue-se a letra D de Destino, mas também de Decisão; combate impossível, talvez, entre Destino e Decisão, decisão de contrariar o destino, destino de contrariar a decisão; entre a força de vontade e as circunstâncias para onde balança a vida de cada um? “É o destino!” Ou “Conseguiu contra tudo e contra todos!” Ou ainda “Foi um misto! Um golpe de sorte, a mão de Deus”! Ou ainda “Acredito lá eu em Deus! E Ele acredita-me?” Decisão e Destino, até ao fim, sem nunca se perceber se o que prevalece é a vontade indómita de uma Decisão “assumida até às últimas consequências”, se um invisível dano, ou estupor, que macula a vontade.
A letra A, de amor, de primeiro dia, de primeira luz, de primeira coisa, de Primavera, de irresistível e palpitante verdade. Haverá Liberdade sem amor, sem a verdade confusa do amor?
D de Democracia, apesar de tudo, e contra as vozes mais céticas, prevalece esta ideia teimosa de entender o respeito pelas minorias, pelas vozes solitárias, como exercício vital que salvaguarda a integridade e a dignidade das comunidades humanas.
E, por fim, o E de Eros, o deus grego que salvaguarda a “passagem do caos ao cosmos”, da desordem sombria à desordem luminosa, da quietude mortuária à vitalidade primaveril; Eros, c’est la vie (Sèlavy na formulação de Marcel Duchamp) dos corpos em festa, das flores, enfim, em altar magnânimo, assim podadas, na forma, adorno e seiva de um mundo inocente.

Carlos J Pessoa

FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA
Textos Miguel Torga
Encenação e Dramaturgia Carlos J. Pessoa
Apoio à Investigação João Luís Sequeira – Espaço Miguel Torga (S. Martinho de Anta)
Interpretação Afonso Viriato, Ana Palma, Lara Matos, Maria João Vicente, Tiago Bôto e Wagner Borges
Participantes dos Clubes de Teatro Alexandre Neves, Aline Marques, Ana Maria Pereira, Carlota Nascimento, Carolina Marques, Graça Oliveira, José Daniel Toscano, Júlia Catita, Júlio Reis, Liliana Pedro, Manuel Pessoa, Marina Preguiça, Matilde Fernandes, Matilde Serrão e Sónia Castro
Música Original e Sonoplastia Daniel Cervantes
Cenografia e Figurinos Sérgio Loureiro
Desenho de Luz Nuno Samora
Operação de Luz Manuel Abrantes
Captação, Edição de Vídeo e Operação de Câmara Oskar&Gaspar
Direção de Produção Maria João Vicente
Produção e Comunicação Carolina Mano
Assistência de Produção Joana Rodrigues e Marta Ascenso
Fotografia Marília Maia e Moura

Este espetáculo é uma encomenda do Teatro Municipal de Bragança e Teatro Municipal de Vila Real, no âmbito do projeto NORTE 2020 – “Algures a Nordeste”
Coprodução Teatro Académico Gil Vicente

Acolhimentos Teatro Municipal de Bragança [vinte e sete – Festival de Teatro], Teatro Municipal de Vila Real [vinte e sete – Festival de Teatro], Teatro Académico Gil Vicente [20ª Semana Cultural da Universidade de Coimbra]

Apoios Câmara Municipal de Lisboa, EGEAC, Junta de Freguesia de Santa Maria Maior
Financiamento Direção-Geral das Artes, Governo de Portugal | Ministério da Cultura

M/12 | Duração  70 minutos

+INFOS E RESERVAS:
producao@teatrodagaragem.com | 924 213 570

Bilhetes de 5,00€(*) e 10,00€
(*)Descontos aplicáveis a: maiores de 65, profissionais do espetáculo, estudantes de Teatro, residentes no bairro.

 

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