ACOLHIMENTO TEATRO DA GARAGEM
FILHAS DO TÉDIO
EXPOSIÇÃO DE PINTURA DE THOMAS mENDONÇA
18 NOVEMBRO 2020 A 17 JANEIRO 2021
[TER A DOM, 13H00-21H00]
Teatro Taborda
inauguração 18 novembro 2020
[qua, 18h00- 21h00]
Com a pandemia, Thomas Mendonça deixou de conseguir cumprir as suas rotinas de trabalho – ora pelo estado vegetativo, de pânico, alerta, contingência, ora pelo estado de calamidade ou emergência. Por “morrer” de vazio, começou então a pintar. Preservou-se e aproveitou, recatado, para pintar retratos a acrílico sobre todas as embalagens de gelados, pizzas e cereais que a quarentena lhe providenciou.
Com o começo desta pandemia, tudo mudou bastante. Deixei – como todos nós – de conseguir perpetuar as minhas rotinas de trabalho. Tal como a minha paciência, um dia o barro e o papel também acabaram e seguiram-se longos meses sem cerâmica e sem desenho.
No momento em que escrevo, a metade superior do meu corpo encontra-se vestida e penteada pois aguarda por uma videoconferência. A metade inferior encontra-se naturalmente relaxada e de pijama pois este será, sem dúvida, mais um domingo desde que ambas as metades se encontram – ora pouco, ora muito – confinadas, seja em estado vegetativo, de pânico, alerta, contingência, calamidade ou emergência.
Ao domingo, tomo o pequeno almoço com calma. Se acordar tarde, tomo o pequeno almoço ao almoço, almoço ao lanche, lancho quando quero e janto na cama. Passaram meses, voltou a chover, as portas voltaram a inchar, eu inchei também – e, coincidência ou não – o meu telemóvel deixou de reconhecer a minha impressão digital. Então voltei a implementar a “hora de atividade física”. Como o nome indica, essa hora que poderá tomar lugar a qualquer uma das horas do domingo (e que acontece domingo sim, domingo não), consiste em passar sessenta minutos alternando dança livre em frente ao espelho com a tentativa claramente falhada de acompanhar um tutorial “2 in 1 – ABS AND BOOTY – No Equipment Home Workout” ou semelhante.
Nas restantes vinte e três horas que o domingo de confinamento tem, eu morri de vazio, então comecei a pintar. Preservei-me e aproveitei, recatado, pintei retratos a acrílico sobre todas as embalagens de gelados, pizzas e cereais que a quarentena me providenciou. Cá estão todas, as filhas que este tédio lançou ao mundo.
A Imprudência, a Dúvida, a Preocupação, a Exaustão e a Dormência.
A Maior Seca!
A Alienação, a Alucinação, e a Demência.
A Raiva e a Precipitação.
A Revolta.
A Força e a Militância por quem não volta.
A Meditação, a Mania.
A Consideração, a Empatia, a Amizade e a Ternura.
Thomas Mendonça
FICHA TÉCNICA E ARTÍSTICA
Exposição de Pintura Thomas Mendonça
Acolhimento Teatro da Garagem
Financiamento Direção-Geral das Artes, Governo de Portugal | Ministério da Cultura
Apoios Câmara Municipal de Lisboa, EGEAC, Junta de Freguesia de Santa Maria Maior
Entrada Livre
Mais informações:
218 854 190 | 924 213 570
producao@teatrodagaragem.com
Teatro Taborda Costa do Castelo 75, 1100-178 Lisboa
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