BLACK STARS
Criação 93 do Teatro da Garagem
Texto e Encenação Carlos J. Pessoa
28 FEV e 1 MAR 2018 | 21h00 | SPAZIO TEATRO NO’HMA (MILÃO)
PREMIO INTERNAZIONALE Il “Teatro Nudo” di Teresa Pomodoro | 2018

 

Menção Honrosa – Prémio do Júri atribuída a Black Stars. Júri Internacional composto por Peter Stein, Eugenio Barba, Lluís Pasqual, Tadashi Suzuki, Lev Dodin, Stathis Livatinos, Ludovic Lagarde, Ruth Heynen, Enzo Moscato, Oskaras Korsunovas e Livia Pomodoro.

Uma Black Star é um tipo de divindade pós-científica e pós-humana. Quando do advento da inteligência artificial e da consciência artificial; quando do refazer do corpo humano com metais, segundo critérios quânticos, é moldada uma Black Star. Uma forma subversiva, inesperada, fascinante.
Quando as paralelas se cortam a infinito temos uma Black Star. Um pouco como o ponto de interceção de uma reação entre opostos: pesado, leve; escuro, claro; áspero, suave, etc…
Uma Black Star surge como resultado de uma desistência alargada de viver, resultante de uma hiper-tragédia, de uma incompatibilidade generalizada com a vida, como a conhecemos. Uma Black Star começou por ser alérgica à vida, uma alergia letal que a afastou de tudo e todos.
A hiper-tragédia é uma sequência de acontecimentos sem nenhuma possibilidade de redenção ou de expiação. Por detrás de cada gesto, de cada ação há um condimento trágico que se manifesta ou não. No caso da hiper-tragédia corre sempre tudo mal! As piores probabilidades concretizam-se sempre, trata-se de um jackpot de azar.
Há sentido de humor numa Black Star, ele não é necessariamente negro, é antes uma forma de ironia que resulta de um sentimento de cordialidade. Quando tudo desaba, absorvido pelo vórtice, permanece, na aceitação da queda, uma majestade espectral. O poder de uma Black Star, desconsiderando algum pânico inicial, que rapidamente é esquecido, é proporcional à soma das suas perdas. É, por isso, incomensurável.
A Black Star é feminina, é uma deusa da noite, uma noite fértil, uma noite prenhe e sumptuosa. Cada Black Star tem o seu estilo, embora todas partilhem o mesmo sentido de luxo, de excesso, de revolta pela tomada de consciência da vacuidade de tudo. Então bebem, gritam, ululam como forças primevas do apocalipse e do génesis.
Onde está a Razão afinal? Porque segue o Mundo caminhos tão ameaçadores?
Uma Black Star suporta a lentidão da História, as suas incríveis coincidências, os factos alusivos, os mistérios. A aceleração é sempre relativa para uma Black Star, tem todo o tempo do Mundo, e não parece ficar cansada.

Carlos J. Pessoa

FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA

Texto, Encenação e Conceção Artística Carlos J. Pessoa Tradução para Italiano Frederica Balzano Assistência de Encenação Afonso ViriatoInterpretação Ana Palma e Maria João Vicente Música e Composição Sonora Daniel Cervantes Cenografia e Figurinos Sérgio Loureiro Desenho de Luz Nuno Samora Operação de Luz Manuel Abrantes Direção de Produção Maria João Vicente Produção e Comunicação Carolina Mano Assistência de Produção e Fotografia Marília Maia e Moura

 

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