COMUNIDADE
19 FEV 2019 | 14h00
CULTURGEST
LEITURA INTEGRADA NO ÂMBITO DA CONFERÊNCIA INTERNACIONAL
What’s love got to do with it?

 

Estendo o pé e toco com o calcanhar numa bochecha de carne macia e morna; viro-me para o lado esquerdo, de costas para a luz do candeeiro, e bafeja-me um hálito calmo e suave; faço um gesto ao acaso no escuro e a mão, involuntária tenaz de dedos, pulso, sangue latejante, descai-me sobre um seio morno nu ou numa cabecita de bebé, como um tufo de penugem preta cocuruto da careca, a moleirinha latejante; respiramos na boca uns dos outros, trocamos pernas e braços, bafos suor uns com os outros, uns pelos outros, tão conchegados, tão embrulhados e enleados num mesmo calor como se as nossas veias e artérias transportassem o mesmo sangue girando, palpitassem compassadamente silenciosamente duma igual vivificante seiva.

Luiz Pacheco, Comunidade (1964)

FICHA TÉCNICA E ARTÍSTICA
Texto de Luiz Pacheco
Direção Ana Palma
Com Ana Palma, André Simões, Constança Carvalho Neto, Diogo Lopes e Rita Monteiro
Criação Teatro da Garagem
Parceria Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa
Apoios Câmara Municipal de Lisboa, EGEAC, Junta de Freguesia de Santa Maria Maior
Financiamento Governo de Portugal | Ministério da Cultura e Direção-Geral das Artes

 

WHAT’S LOVE GOT TO DO WITH IT? PERFORMANCE, INTIMIDADE, AFETIVIDADE

Os limites entre esfera pública e privada desvanecem-se. Tal implica, por vezes, a diminuição da participação ativa do cidadão, transformado em mero espectador de outras vidas e intimidades amplificadas através dos media. Por sua vez, os media criam novos espaços de expressão pessoal e coletiva ao permitir tornar visível, com uma facilidade antes impensada, estas relações porosas entre o público e o íntimo.
A intimidade tornou-se o centro das performances públicas, com todas as suas contradições e paradoxos. Esta conferência explora as formas como a performance contemporânea interroga e reformula as experiências e definições de intimidade. Como é que as práticas artísticas questionam as fronteiras entre familiar e não familiar, individual e coletivo? De que forma os media, as redes sociais e a prática de uma vida projetada para um mundo global afeta a compreensão dos espaços de intimidade? Quais os novos lugares do afeto?
Durante dois dias, artistas e investigadores abordam as relações entre performance, intimidade e afeto de uma perspetiva tanto estética quanto política e sociológica.
No final de cada sessão é apresentada uma conversa com Catherine Wood (segunda-feira) e Rabbya Naseer (terça-feira), curadoras e pensadoras em arte contemporânea, que continuarão a aprofundar as temáticas abordadas ao longo do dia.

PARCEIROS: IHA – Instituto de História da Arte, ICNOVA – Instituto de Comunicação da Nova, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, CEIS20-UC – Centro de Estudos Interdisciplinares do séc. XX, FLUC
COLABORAÇÃO: Teatro da Garagem
COORDENAÇÃO CIENTÍFICA: Bruno Marques, Cláudia Madeira, Fernando Matos Oliveira, Giulia Lamoni, Liliana Coutinho
CONVIDADOS ESPECIAIS: Ana Pais, Luís Trindade, Manuel Lisboa, Susana Mendes Silva

+ informações AQUI

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